CONCEITOS E CONCEPÇÕES SOBRE O CONSUMO DE ÁLCOOL: A RESSIGNIFICAÇÃO A PARTIR DAS PRÁTICAS EDUCATIVAS

Resumo

O  presente  trabalho  tem  como  objetivo  geral  Investigar  junto  aos  estudantes  e professores  da  Educação  de  Jovens  e  Adultos  quais  os  seus  conhecimentos,  e concepções,  em  relação  ao  consumo  do  álcool  e  seus  efeitos  e  como  práticas pedagógicas  podem  contribuir  para  uma  ressignificação  das  concepções  prévias acerca do assunto. O projeto foi submetido e recebeu aprovação do Comitê de Ética da ULBRA e CONEP. A pesquisa foi realizada com alunos de Educação de Jovens e Adultos, do Ensino Fundamental e professores em uma escola estadual na cidade de  Viamão.  A  metodologia  norteadora  foi  a  pesquisa  qualitativa  participante.  O trabalho foi executado em diferentes etapas que compreenderam atividades como: revisão  da  literatura,  visitas  ao  ambiente  de  estudo,  aplicação  de  instrumentos  de coleta  de  dados  junto  a  professores  e  alunos,  observação  de  turmas  de  EJA, aplicação de uma sequência didática e criação de peça teatral pelos alunos que foi filmada e posteriormente exibida na escola. Para a realização da peça teatral foi utilizada a técnica do teatro espontâneo. O teatro elaborado pelos alunos constituiu se em importante ferramenta para a criação  de espaço de construção, interação e cooperação entre os mesmos, proporcionou o envolvimento direto da pesquisadora com os atores sociais além de possibilitar o recolhimento de dados em situação e ação. Na investigação constatou-se que os alunos atribuem  como maiores motivos para  o  consumo  do  álcool  fatores  relacionados  à  curiosidade,  necessidade  de
vencer a timidez, problemas de ordem familiar e financeira. Em relação aos efeitos da substância sobre o organismo observou-se que os alunos percebem maior efeito sobre  o  fígado  e  desconhecem  o  efeito  sistêmico  do  consumo  sobre  o  organismo como  um  todo.  Sobre  a  importância  em  trabalhar  com  o  assunto,  todos  os professores  declararam achar importante e responderam  perceber que,  de alguma forma,  o  consumo  do  álcool  interfere  na  vida  de  seus  alunos,  seja  pelo  consumo direto por esses, seja pelo consumo de seus genitores. Porém, apesar da percepção de  importância,  constatou-se  que  os  alunos  nunca  haviam  participado  de  trabalho sobre  o  tema.  Em  relação  à  percepção  dos  professores  sobre  o  que  os  alunos acham sobre o consumo de álcool, constatou-se que circulam entendimentos de que os alunos “não pensam, apenas consomem” e de que este consumo é uma prática habitual do dia a dia desprovido, portanto, de maior importância  e, desta forma, não oferecendo  riscos.  Quanto  aos  motivos  que  levam  os  alunos  a  beberem,  no entendimento  dos  professores,  esses  estão  relacionados  a  fatores  sociais  como companhias e afirmação no grupo. Entre os dez professores entrevistados, quando questionados  se  se  sentiam  preparados  para  trabalhar  sobre  o  assunto,  sete responderam não se sentirem preparados.  Acredita-se que os resultados obtidos a partir da análise dos dados e da prática educativa, mesmo tendo sido esta pontual e de pequena duração, proporcionaram mudanças nas concepções e conhecimentos
dos alunos e que efetivamente, vale à pena investir tempo e esforço para trabalhar aspectos relacionados à educação em saúde.