O ENSINO DE MATEMÁTICA E A EDUCAÇÃO PROFISSIONAL: A APLICABILIDADE DOS NÚMEROS COMPLEXOS NA ANÁLISE DE CIRCUITOS ELÉTRICOS
Resumo
O presente trabalho teve como objetivo principal investigar a aplicabilidade
dos números complexos como estratégia de ensino na análise de circuitos elétricos
em corrente alternada. A forma tradicional de tratar o assunto é a análise fasorial,
entretanto, a mesma é limitada na resolução de circuitos mais elaborados.
Inicialmente, abordamos o referencial teórico subjacente a todo o processo de
aprendizagem que consideramos ao longo deste estudo. Para isso, optamos pela
Teoria de David Ausubel. O autor traz em suas pesquisas os pressupostos que
acreditamos serem os mais coerentes com o ensino da Matemática e da Física. A
consistente e elaborada conceituação de Ausubel para a aprendizagem significativa
constitui um contraponto para a aprendizagem descontextualizada e mecanicista,
tão erroneamente empregada no processo de ensino dos professores dessas áreas
do conhecimento.
A investigação ocorreu na Educação Profissional do Estado do Rio Grande do
Sul, em todos os cursos técnicos de nível médio onde é ensinada a disciplina de
Eletricidade. Um instrumento de pesquisa foi enviado para estas Instituições de
Ensino com a intenção de identificar o perfil demográfico-profissional dos docentes,
bem como a metodologia adotada, seus sucessos e fracassos. Paralelamente,
elaboramos um planejamento de atividades diferenciadas utilizando a análise
complexa como estratégia de ensino alternativo, ou seja, propusemos soluções mais
simples para circuitos mais complexos. Tais atividades foram aplicadas em duas
turmas experimentais cujo processo de ensino e aprendizagem foi,
sistematicamente, comparado ao de uma turma de controle para avaliação da nova
proposta metodológica de ensino. Para que a coleta de dados fosse a mais
abrangente possível entrevistamos também os professores das turmas
experimentais acerca de suas percepções sobre a aprendizagem dos alunos.
Como esse estudo foi de cunho essencialmente quantitativo, analisamos os
dados em seu tratamento estatístico. Em face da multiplicidade das informações
obtidas, cruzamos os números para extrair uma significância maior das respostas.
Feita a análise dos dados coletados, concluímos que o ensino
descontextualizado e mecanicista, por sua vez, repercute em uma aprendizagem
que não é capaz de estabelecer conexões com outros conceitos e nem mesmo
servir de ancoradouro para novas aprendizagens.
Soma-se a isso o fato de que a análise complexa é maciçamente trabalhada
pelos professores que possuem maior titulação, ao contrário da análise fasorial,
adotada por professores que não trilharam um caminho acadêmico mais extenso. No
entanto, tal relevância não é uma preocupação das escolas da rede pública, pois,
muito diferentemente das escolas privadas, estas não apresentam uma preocupação
efetiva com a formação dos professores.
Quanto à compreensão dos alunos através da análise complexa, o estudo
comparativo entre as turmas experimentais e de controle parece não nos deixar
dúvidas.
Assim, aponta-se que os caminhos da educação matemática passam muito
mais por uma formação técnica e pedagógica dos docentes do que a criação de
metodologias específicas, pois essas se mostram viáveis.
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