SALA DE AULA INVERTIDA NO ENSINO E APRENDIZAGEM DE ANATOMIA HUMANA: IMPACTOS NO DESEMPENHO E NAS PERCEPÇÕES DE ACADÊMICOS DA ÁREA DA SAÚDE
Resumo
Na contemporaneidade, observa-se a crescente introdução e investigação do ensino híbrido em contextos e níveis variados de ensino, sendo uma de suas modalidades a sala de aula invertida. No ensino e aprendizagem de anatomia humana, as pesquisas sobre essa abordagem no Brasil revelam-se incipientes. O objetivo desta tese foi analisar os impactos da sala de aula invertida como estratégia didática no ensino e aprendizagem de anatomia humana no desempenho acadêmico e nas percepções gerais de alunos da área da saúde no ensino superior. Quanto à natureza, é do tipo estudo de caso e, quanto à abordagem, enquadra-se como mista, com design convergente e integração por ‘merging’. Os participantes foram três turmas de anatomia humana da área da saúde de uma universidade privada da região metropolitana de Porto Alegre – Rio Grande do Sul, perfazendo um total de 66 alunos. Foram realizadas aulas invertidas, distribuídas em estudo piloto (2018/2) e experimento efetivo (2019/1 e 2019/2). Os recursos pré-aula foram hipertextos digitais, elaborados na Plataforma Wix. Na etapa presencial foram utilizados os dispositivos móveis smartphones e tablets, com atividades de aplicação, como questões, identificação de estruturas em imagens e construção de mapas mentais e álbuns digitais. Os instrumentos de construção e coleta de dados foram questionários: pré e pós-testes, em anexo ao material pré-aula e ao final do semestre, contemplando perguntas abertas, fechadas ou em escala Likert. Os dados quantitativos e das perguntas em escala Likert foram analisados por meio dos escores das respostas. Às questões dicotômicas de pré e pós-teste foi aplicada análise estatística, por meio do teste de McNemar. As justificativas e respostas abertas (dados qualitativos) foram analisadas pela Análise de Conteúdo de Bardin. Os resultados revelaram que os estudos prévios foram realizados satisfatoriamente apenas por uma parcela dos participantes (10, 18 e 11 – do total de 30 alunos, no primeiro semestre – e 16, 18 e 16, do total de 18 alunos, no segundo semestre) e sobressaiu o acesso por telefone celular. As dificuldades nos estudos prévios decresceram no decorrer das aulas invertidas, pelo que se infere que tenha ocorrido uma familiarização processual com a abordagem. Os hipertextos digitais foram considerados adequados pelos participantes e os elementos hipertextuais de maior importância foram os textos e as imagens. Verificaram-se impactos favoráveis no desempenho, com ampliação das concepções, significância estatística e associação de imagens aos sistemas anatômicos. As percepções dos acadêmicos indicaram aceitação para a sala de aula invertida, considerando-a apropriada para anatomia humana, atribuindo isso ao estudo prévio, ao auxílio dos materiais pré-aula, às atividades presenciais e às interações humanas possibilitadas. As dificuldades relatadas foram a falta de gestão do tempo e de exposição do professor. Os alunos do segundo semestre mostraram-se mais satisfeitos com a metodologia (100%) do que os do primeiro (76,9%). Quanto ao acréscimo motivacional, a maioria posicionou-se afirmativamente e algumas habilidades que julgam ter aprimorado foram a leitura, a memorização, o trabalho em grupo, a atenção, a autonomia e a pesquisa. Para 76,9% dos acadêmicos do primeiro semestre e 93,8% do segundo, o ideal seria a complementação das aulas tradicionais com as invertidas na disciplina de anatomia humana. Para os discentes, as tecnologias digitais auxiliaram na aprendizagem pela sua mediação em sala de aula invertida, porque proporcionam auxílio visual e facilitam o entendimento e a pesquisa.
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