UTILIZANDO A ANÁLISE GESTUAL PARA COMPREENDER A HERANÇA SEMIÓTICA ENTRE DOCENTES E DISCENTES NO ENSINO DO ÁTOMO DE BOHR

SAVANA DOS ANJOS FREITAS DONADELLO

Resumo


A presença de gestos em nossa vida é constante, servindo como ferramenta de expressão e comunicação. Na sala de aula, não é diferente, e os gestos podem contribuir para uma melhor compreensão do pensamento dos alunos, complementando a comunicação verbal. Esta tese de doutorado tem como objetivo investigar se os gestos do professor podem gerar uma herança semiótica nos alunos durante o processo de ensino em sala de aula. A pesquisa foi conduzida em uma escola pública estadual no Vale do Caí/RS, com três turmas do primeiro ano do ensino médio, sendo uma turma piloto e duas turmas experimentais. Utilizou-se uma abordagem qualitativa, decodificando-se a linguagem verbal e gestual dos professores e alunos para identificar uma possível herança semiótica do docente para os discentes. A literatura na área de ensino que aborda a presença de gestos na sala de aula foi revisada e instigou a presente pesquisa. A Teoria da Objetivação de Radford e a da Semiótica, de Charles Peirce, foram adotadas como referenciais teóricos para compreender os gestos como recursos semióticos no processo de ensino e aprendizagem dos discentes. A partir da articulação das duas teorias, compreende-se que os gestos refletem os signos internos dos processos mentais dos alunos. A pesquisa foi dividida em duas partes distintas: a primeira parte com as bases teóricas e a segunda com o desenvolvimento da pesquisa. A intervenção didática aconteceu durante oito aulas consecutivas, com gestos docentes diferentes, previamente escolhidos para as diferentes turmas, sendo o principal recurso semiótico da pesquisa. As atividades desenvolvidas incluíram explanações teóricas, elaboração de maquetes, jogo educacional e simulação computacional. Os resultados foram analisados por meio de dados coletados em entrevistas conduzidas pelo método Report Aloud, do diário de campo da professora-pesquisadora, do roteiro realizado pelos alunos na simulação computacional e do questionário. Os resultados mostraram que, a partir da intervenção didática com as duas turmas experimentais, com gestos docentes distintos, alguns gestos geraram uma herança semiótica nos gestos dos alunos. Foi possível observar que alguns gestos docentes específicos foram assimilados e reproduzidos pelos alunos quando resolviam problemas, enquanto outros não. Além disso, a partir das entrevistas, do diário de campo, do questionário e dos demais materiais utilizados para a coleta de dados, foi possível verificar os processos de objetivação e de subjetivação. Os resultados evidenciam que os gestos realizados pelo docente no transcorrer das aulas constituem uma verdadeira herança semiótica para os alunos, mas que isso pode variar de acordo com o conceito desenvolvido em aula.

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