PESSOAS COM DEFICIÊNCIA NO TRABALHO: UM ESTUDO SOBRE O PROGRAMA JOVEM APRENDIZ E SABERES MATEMÁTICOS

Resumo

A inclusão da pessoa com deficiência no trabalho assegura a oportunidade de igualdade social, no entanto, a inserção e permanência dessas pessoas terá sucesso se seus saberes, decorrentes de suas experiências e/ou de sua trajetória de estudos, forem desenvolvidos para o trabalho. Por isso, para que ocupem seus espaços de direito, por meio de suas próprias competências, é necessário estabelecer ambientes, estratégias de ensino e condições favoráveis de aprendizagem. O Programa Jovem Aprendiz é uma alternativa, se propõe a incluir e aperfeiçoar esses saberes, inserindo o aprendiz em posições reais de trabalho, para que seja integrado e se experimente em situações práticas, com o intuito de favorecer o protagonismo e destacar as suas potencialidades. Nesse contexto, este estudo tem por objetivo investigar a articulação entre saberes matemáticos e as competências para o trabalho, no percurso de empregabilidade de jovens aprendizes com deficiência. Como objetivos específicos, o estudo se propõe a: (a) Investigar as competências para o trabalho, considerando conhecimentos, habilidades e atitudes junto ao Programa Jovem Aprendiz. (b) Pesquisar as noções matemáticas de um grupo de jovens aprendizes com deficiência decorrentes de suas experiências vivenciadas no cotidiano, a partir de atividades envolvendo metodologias ativas. (c) Investigar o Programa Jovem Aprendiz e seu impacto no processo de inclusão social em relação aos participantes da pesquisa. A partir da metodologia qualitativa com abordagem descritiva e interpretativa, o estudo envolve 7 participantes que se dispuseram a participar da pesquisa de maneira voluntária. A análise foi dividida em dois momentos distintos: o período de formação, no qual os participantes realizavam atividades simuladas na instituição formadora, e o período após a frequência e prática nas posições de trabalho destinadas pela empresa. Com as vivências, destacaram-se os seguintes aspectos: a mudança de comportamento dos participantes com relação ao uso de saberes matemáticos para o trabalho; a interação dos participantes com a matemática de maneira natural, aplicando conhecimentos sem a existência de conceitos ou conhecimentos prévios, fortalecendo a importância do contexto, ambiente e estratégia de ensino, para tornar útil o que está sendo experienciado; a necessidade de flexibilidade e personalização no uso das metodologias ativas. Nos resultados, observa-se o valor do Programa Jovem Aprendiz para a inclusão, na oferta de ambiente apropriado para o uso de metodologias ativas, apoiando o resgate e aperfeiçoamento das competências técnicas e comportamentais em função do trabalho. Evidencia-se a presença da matemática, que emerge em cada situação de aprendizagem com o uso dos recursos das metodologias ativas. E destaca-se a efetivação de três aprendizes em setores que utilizam matemática de maneira contínua em suas rotinas e a oportunidade em refazer o Programa Jovem Aprendiz em outras empresas, para os participantes que não foram efetivados.