AFRICANIDADES NO ENSINO DE CIÊNCIAS: APRENDIZAGEM DE GENÉTICA PROMOVENDO A EDUCAÇÃO ANTIRRACISTA NO ENSINO FUNDAMENTAL
Resumo
O Ensino de Genética enfrenta desafios devido à rápida evolução do conhecimento, às expectativas dos estudantes sobre as metodologias de ensino, além da persistente visão que relaciona o estudo da área com a memorização. As normas da Educação Básica brasileira estimulam a integração de conteúdos tradicionais com temas socialmente relevantes, configurando a escola como um espaço para promoção da aprendizagem e valorização de saberes que ajudam na desconstrução de estereótipos. Assim emerge o problema de pesquisa, que investiga como promover o ensino de Genética, contribuindo para promover a Educação Antirracista. O objetivo principal do estudo foi analisar o processo de ensino e aprendizagem dos fundamentos de Genética nos Anos Finais do Ensino Fundamental. Para isso, foram estabelecidas metas específicas que abordam o processo formativo e profissional dos professores, a proposta de uma sequência de ensino investigativa para o desenvolvimento dos conceitos da área, a colaboração nas atividades para entender questões biológicas relacionadas à cor da pele e a percepção dos estudantes sobre a contribuição das atividades para sua formação científica e humanística. A pesquisa foi conduzida em duas etapas com uma abordagem mista de investigação. Na primeira, foram analisadas as percepções de quatorze professores titulares de Ciências da rede pública de Canoas/RS sobre sua formação inicial e continuada. Na sequência, foi avaliado o entendimento de vinte e quatro estudantes do 9º Ano do Ensino Fundamental de uma escola da mesma rede de ensino sobre sua participação nas atividades propostas na Sequência de Ensino e o nível de apropriação dos conceitos desenvolvidos. Os dados foram coletados por meio de questionários estruturados em uma ferramenta digital disponível virtualmente. Os resultados indicam a relevância da formação continuada para os docentes, especialmente devido à rápida atualização do conhecimento científico. Apesar desse reconhecimento, há necessidade de se adequar os programas para que sejam mais específicos e alinhados à prática pedagógica cotidiana. A análise dos dados dos estudantes revelou uma melhoria na percepção do conhecimento sobre Genética após a aplicação das atividades da Sequência de Ensino. Houve redução no número de alunos que se consideravam com baixo nível de conhecimento, indicando a eficácia das metodologias investigativas e ativas. Estratégias como jogos e desafios, especialmente analógicos, promoveram maior engajamento, enquanto atividades como a construção de modelos tridimensionais contribuíram para o desenvolvimento da autonomia, do pensamento crítico e do trabalho em equipe. Além disso, a percepção dos estudantes sobre a contribuição das atividades para sua formação científica e humanística no contexto da Educação Antirracista foi positiva. A maioria avaliou as atividades como satisfatórias ou muito satisfatórias para o aprendizado sobre diversidade étnica, ressaltando a importância de integrar questões sociais e culturais no ensino de Genética empregando um planejamento pedagógico hábil em promover uma formação cidadã crítica. Ao fim, conclui-se que o estudo oferece uma abordagem diversificada para o ensino de Genética, mostrando que metodologias ativas e a integração da Educação Antirracista podem qualificar o processo de ensino e de aprendizagem, ampliando o letramento científico dos estudantes e contribuindo para sua formação cidadã crítica e inclusiva.
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